quinta-feira, 16 de abril de 2020

Tudo. Tudo. Tudo. Tudo.

Tudo me cansa.

O som; as mesmas notícias de ontem; a fulga; as tentativas inusitadas de me fazer melhor; a busca incansável por "ser melhor"; as contradições; a ganância; a falta de ganância ; a guerra declarada; a guerra oculta; as verdades, as mentiras; o extremo; a direita; a esquerda; a falta de algo concreto; a cara de pau de quem não sabe o que tá falando; a certeza de quem nunca tem dúvida; a dúvida de quem nunca tem certeza; quem corre atrás e quer que o mundo descubra sua verdade; quem só reclama; a submissão; a dominância; o que se acha certo; o que não faz questão de estar certo; a dor; o prazer; a sorte de poucos; o azar de muitos; a morte; estar vivo...

Tudo me cansa.

sábado, 17 de agosto de 2019

Hábitos

Depois de todas as obrigações possíveis, ela sentou.

A insegurança era tamanha que a fez criar uma extensa lista de coisas que precisavam ser resolvidas em pleno quarto minguante.

Quando a lista terminou ela, obviamente, construiu novas necessidades numa última tentativa desesperada de correr dali.

Mas agora, ela sentou.


😐

😑

😣

😤

😕

😐


Tem tanto assunto na cabeça que não consegue seguir uma linha lógica sem se deixar entrelaçar pela crises, guerras comerciais, instabilidades de mercado, presidentes psicóticos e o medo de quem não tem ideia do que isso vai dar.

Já são 11 da noite. O copo com cerveja já esta chegando ao final, enfraquecendo a desculpa de se estar sentada quando a última obrigação é a de deitar-se até às 11 da noite.

Obrigação.

Obrigação.

Obrigação.

Foi dormir pra correr dali.

sexta-feira, 26 de julho de 2019

Retomada



Resolvi retomar este blog.

Confesso que fiquei receoso por aqui constar muito do Olavo de anos atrás, melancólico e denso, flertando com a solidão e com o que emergia dela. Não me senti confortável em expor esta minha faceta para quem não a conhecia. Receoso dos julgamentos e rótulos... sabem? De como poderia ser visto só por ter dado vazão as angústias de minha vida.

Então pensei em criar um novo blog. Um rompimento. O reinício de uma nova trajetória, com um Olavo mais forte, maduro, estável, assertivo, corajoso, produtivo... mas não é nenhuma novidade o fato que esse projeto nunca deixou de sair da intenção. Nunca nem consegui escrever algo que me fizesse querer construí-lo. Textos leves e alegres, que deixassem seu dia melhor, caro leitor.

Mas a vida corre em ciclos e a angústia sempre vinha, me trazendo de volta para aquele Olavo melancólico da juventude que queria jogar esta aflição no mundo, como se ao clicar no “postar” ela se dissipasse e um novo ciclo se reiniciaria.

Ufa, que alívio...

Por isso resolvi retomar este blog. Parar de negar esse meu recorte do passado aceitando que ele ainda existe. Deixar que minhas complexas facetas se expressem livremente, me permitindo mostrar o que já refleti e criando espaço para o que ainda estar por vir. Ainda com receio de julgamentos, mas com a vontade de me colocar nesta posição de vidraça.

Pedras poderão vir, mas, possivelmente, o vidro já terá começado a se dissipar no segundo seguinte ao clique de envio.

Que alívio!

Trilha sonora: Nothing breaks like a heart - Mark Ronson feat. Miley Cyrus

quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Social

Sempre existirão os que enfrentam, que encaram, que se permitam errar e aprender com os erros.

Os que, com algo concreto ou não, se deslocam do conforto e se jogam no instável, na angústia, no desconhecido.

Aqueles que parecem ter um comichão que os impede de parar, de relaxar, de não se confrontar.

Os que amam ter a dúvida, que veem a vida como uma oportunidade de fazer alguma diferença, não importando a abrangência dela.

Se você é uma delas e está aqui, obrigado por fazer a diferença em minha vida.

domingo, 31 de março de 2013

Stuck In The Middle

Vivo num dilema constante: o de querer sentir fortes emoções, sentimentos intensos; e outro de não permitir que isso aconteça, me frear, me impedir, me sabotar.

A verdade é que este dilema me consome, e me impede de seguir, de construir algo melhor para mim, comigo e com um alguém. Minha dificuldade em me permitir perder o controle não me deixa amar (ou seria "manter a paixão"?). Vejo casais lindos, que compartilham, vivem intensamente, se enamoram e se sentem completos. Fico acompanhando estas histórias, como um espectador que sonha pelo contínuo feliz de sua novela preferida, na esperança de se começar a sua história a qualquer momento. Busco por isso em todos os locais, em todos os momentos de não distração da mente. Busco incansavelmente pelo ser completo, que me tire do meu chão, que me faça sentir medo, paixão, tesão, e que me faça perder o controle. Que me desarme!

Mas para que mesmo? Se no primeiro sinal de ansiedade, proveniente de uma angústia maior do que meu desejo, eu desisto e saio de cena? Por que gastar tanta energia em algo que eu tenho tanto medo? Que eu não sei lidar? E afinal, por que tanto medo mesmo???

Quero esta angústia, este medo, este desconforto, esta incerteza, este amor.

Não sei lidar com esta angústia, este medo, esta incerteza, este amor.

Estou travado.

sábado, 13 de outubro de 2012

Undisclosed Desires

Percebi que as músicas são uma das poucas coisas que dominam meu racionalismo e me fazem sentir, me fazem entrar em contato com algo desconhecido, mas que esta ali. Uma de minhas queixas em terapia foi exatamente de minha falta de tato pras minhas emoções, e da falta que sinto de me permitir me emocionar.

Hoje, tenho a sensação de estar visualizando, logo a minha frente, uma piscina de emoções na qual vou me afundar, mergulhar, nadar, e vivenciar toda aquela experiência reprimida por anos. Mas ainda é algo que não tenho contato, que eu sei que chegará um dia, o que me deixa ansioso e com bastante medo, mas que ainda não tenho data nem maiores informações sobre.

O que as músicas, meu único instrumento de contato com minhas emoções, estão me dizendo nestes dias é que preciso parar de rodar no mundo, e dar mais atenção ao meu mundo, ao que o Olavo quer para o Olavo, o que o Olavo precisa sentir, fazer, desfazer, ouvir, ler... enfim, o que o Olavo tanto precisa?

Enquanto não tenho contato com esta piscina de emoções reprimidas, vou ouvindo minhas músicas e me deixando ser tocado por elas, aquecendo o caldo e diminuindo assim o choque quando pular com vontade nesta água.