sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Poeiras

A compra de um apartamento. Ganhar um celular com câmera digital. Arranjar um emprego. Essas e muitas outras foram desencadeadoras de vários conflitos. São momentos felizes, que, para qualquer outra pessoa que não sofre a ação, entenderia como um momentos de pura realização. Mas em grande parte das vezes, são estas pequenas coisas que nos fazem derramar.

Nem sempre são momentos felizes, claro. Pode ser um copo esquecido em cima da pia. Ou um telefonema que você esqueceu de dar. Não importa, o que interessa é a magnitude (ou não) do ato, e a avalanche que lhe segue, como um grito numa montanha coberta de neve.

São estas pequenas poeiras as responsáveis por encardir a nossa alma. Elas são constantes, diria até que diárias. Mas que infelismente por sua insignificância, não lhes damos atenção e importância. E vivemos, grudando poeiras a cada dia, escurecendo nossa alma e nos tirando a luz. Até que uma última poeira viaje através de uma delicada ou áspera voz, preenchendo todos os espaços do nosso corpo, e nos deixando na completa escuridão. Nestas horas o corpo não aguenta, e implora por libertação.

Estou vendo muitos casos clínicos na faculdade este semestre, e em grande parte são estas pequenas ações as grandes responsáveis por nossos sofrimentos. O problema, ou talvez seja melhor dizer "o meu problema", é que normalmente me deixo afundar nelas.

Soundtrack: Hurt - Christina Aguilera

2 comentários:

N. disse...

eu não sei se a simplicidade de assobprar ajuda, o fato é que as poeiras só acumulam por descuido ou por outras atenções. Mas a gente sempre sabe que ela está lá...

Mas, desculpe-me a brincadeira, seria Ivete Sangalo uma grande psicóloga quando faz a massa gritar: levantou poeira?

rs.

Olavo Coelho disse...

Bom, uma psicologa ela não é, mas que de fato esta terapeutizando aquelas pessoas naqueles momento, tlvz não "soltando a poeria", mas fazendo-as esquecerem delas, isso tá sim.