segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Sete Meses


A música toca enquanto você para, prestando atenção na melodia, no piano suave e infantil, na letra triste e chorosa, lhe proporcionando uma sensação triste e reconfortante. Olhe pela porta da sacada e veja as árvores imóveis neste dia de chuva, que lavou e inundou toda cidade. Os olhos já estão diminuindo de tamanho. O dia vai pesando em sua sobrancelha, as cobranças, as besteiras feitas e ditas, a irresponsabilidade alheia, as crises, os pensamentos que não te dão descanso enquanto a chuva cai sobre sua face gelada.

Muita coisa acontecendo, muitas novidades e mudanças, muitas alegrias e muitas incertezas. Como pode um homem lidar com tudo isso? Como pôde muitos homens conquistarem tantos impérios, enquanto muitos não conseguem nem conquistar a si próprio, tornar-se objeto do próprio desejo?

"Nobody said it was easy
Oh, it's a shame for us to part
Nobody said it was easy
No one ever said it would be so hard
I'm going back to the start" (Coldplay - The Scientist)

E os meses vão acabando enquanto pouca coisa você consegue mudar. As mesmas inseguranças de outrora, os mesmos desejos recorrentes, e o constante sonho fantasiado de possível que sempre pipoca na mente, por mais que banhos gelados de realidade te façam acordar assustado e desesperançoso em alguns momentos.