domingo, 21 de novembro de 2010

Giving up

Existe uma barreira entre nós. Uma muralha invisível que, por menor que pareça, está entre nós. Pelo que percebo é uma barreira feita por nosso medo de perder/estragar tudo isso que já foi construído e que é leve e prazeroso. Temos medo de sair da leveza dos encontros rotineiros e entrar no peso do cotidiano. Você me disse que achava que você era, pra mim, uma fuga. Eu retruquei que não, que não era isso que via em ti. Mas talvez sejamos ambos a fuga um do outro, e apenas isso.

É difícil ter que pensar nisso, sentir isso, viver isso, aceitar tudo isso. Não é algo que me faça mal, que me deixe triste, que acabe com meu dia, mas há resistência (muita) nisso tudo, o que me faz pensar que talvez o melhor a se fazer é esquecer, já que "ser indiferente" é impossível, ainda mais depois de palavras já ditas.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Impressão

Tô numa fase "impressionista" em uns aspectos de minha vida, com traços fortes e vivos, mas soltos e sem definição de bordas e limites ao mesmo tempo.

domingo, 5 de setembro de 2010

Vazio

Eu tenho um jeito próprio de escrever/pensar/me expressar, que é me permitindo ser guiado por meu inconsciente, desde que o local permita isso, óbvio. Por exemplo, ao escrever este texto eu estou seguindo uma linha "racional" e "emotiva", já que estou falando de mim, dos meus processos, e nisso tem também muita emoção. Mas em momentos chaves eu apenas escrevo o que me vem na mente, tendo ou não sentido com o resto do texto. O que importa é que na hora em que escrevia alguma coisa, aquela palavra/expressão/imagem/frase/conto/imagem me veio na mente e encaixou perfeitamente com aquilo que escrevi, mesmo sendo totalmente desconexo do todo. Eu faço isso com os títulos de meus posts. Geralmente escrevo tudo e depois de pronto, coloco como título a primeira palavra que veio na minha cabeça.

Obviamente esta "mini-expressão" tem a ver com o que eu disse, mas não fico buscando a lógica, muito menos perco tempo analisando o porque aquilo veio pra consciência naquele exato momento. Não tenho dúvida que, se me permitisse parar para analisar aquele devaneio, muita coisa surgiria dali. Mas confesso que, em algumas situações, eu simplesmente não quero saber o porque, e prefiro apenas deixar acontecer.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Feijão


Depois de passar todo o dia tentando cozinhá-lo, finalmente terminei meu primeiro feijão!!!



Um pequeno passo pra humanidade, mas um grande passo para um homem.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Descobertas

É difícil abrir mão daquilo que você passou meses imaginando, das idéias de que seria tudo mais fácil e colorido. Da leveza das certezas que só você mesmo tinha, e mais ninguém. E ver que terá que começar mesmo do começo, que você não é assim, tão especial, e que nada vem do cosmos e cai no seu colo. E pensar que terá que passar aperto, conter seus ímpetos e anseios. Mentalizar que o mundo ainda continuará ali depois de um, dois anos, e que você terá que se contentar com seu mundo, por enquanto, e por tudo que te norteia.

E descobrir, quem sabe, que não é ruim. Que seu mundo é totalmente novo, e se dedicar a ele será maravilhoso. E descobrir os detalhes do seu lar, de sua rua, do seu bairro... os detalhes escondidos de sua vida que, até então, você fugia de encontrar. E viver este mundo só seu, por um, dois anos, até poder ir, sólido e forte, conhecer o mundo.


Humrum...

Sabe coincidência?

Pois é.

Coincidência.

Puta coincidência.

:)


sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Portuguesa-Tietê

Hoje estava com uns amigos de Salvador no Shopping Frei Caneca quando vi um homem com dois furões no braço, um em cada, fazendo sucesso com a mulherada (como se fosse o público alvo dele). Disso fiz um comentário do tipo: "Bom, tem gente que usa bebês/crianças, outros cachorros e, obviamente, existem aqueles que apelam pelos furões".

Bom, estava no Metrô, em direção à minha casa, quando descobri um novo catalisador de olhares: livros sobre/de Freud. Não é que o cara ainda chama a atenção mais de cem anos depois?? Obviamente que, nesta leva de olhares, muitos foram somente para o livro, na eterna curiosidade "que porra esse cara fala de mim, hein?", e tantos outros, porventura, foram também direcionados para o leitor do livro. Mas o mais engraçado foi um caso em especial.

Quase no meio do caminho, sentido Ana Rosa - Santana, entra um rapaz, aparentando uns 23 anos, (não sou muito bom com estas coisas de idade), meio boyzinho esportivo com calça estilo Adidas e camiseta do mesmo estilo (também não sou muito detalhista, mesmo). O tal rapaz senta numa cadeira no banco que fica em sentido horizontal, no final do trem, divergindo assim do meu banco que fica em sentido vertical, na lateral do trem, possibilitando assim a visualização do mesmo caso virasse a cabeça 45º a direita. Pronto, cena recriada.

Depois do tumulto na troca de passageiros da estação, voltei a ler o livro, buscando me concentrar no que estava lendo. Depois de uns minutos percebo umas certas energias vindo em minha direção, e, olhando a minha volta, percebo que o tal rapaz estava soltando leves e discretos olhares para mim, vez ou outra. Percebida a origem dos olhares, tive meu momento "ah, legal, estou sendo cantado", e continuei a ler.

Pouco depois a estação do dito chegou, e o mesmo saiu logo que a porta abriu. Confesso que até pensei em dar aquela olhadinha, visando confirmar a suspeita deixada, mas deixei pra lá e continuei lendo. Mas as meninas que estavam do lado dele não deixaram, e olharam para o cara, e deram uma risadinha, seguida do seguinte comentário: "Você viu que ele estava olhando para a gente? Eu olhei pra ele quando ele saiu e ele estava olhando pra gente, mas quando percebeu que eu estava olhando, ele virou". E mais risadinhas.

Bom, nem precisei dar a olhadinha pra confirmar a suspeitas, elas confirmaram por mim. E como eu sempre digo pra meus amigos: "Cada um vê o que quer".

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Ficamos por aqui

Um dos fatores que me levaram a fazer psicologia foi a possibilidade de ajudar pessoas infelizes a se tornarem um pouco mais feliz, e ver esta satisfação, este sorriso no rosto. Mas a imagem que muitas pessoas tem do processo de análise é de "um caminho obscuro e repleto de sentimentos negativos, os quais eu prefiro evitar". Infelizmente, eu tenho que concordar com eles, e tentar defender com o argumento de que "você começa a se conhecer e ter noção de que tais ações são por isso, aquilo e aquilo, o que te dá a opção de não continuar agindo da mesma forma". Ok. Sentá lá, Cláudia, e me mostra no seu desenho onde está a alegria nisso tudo.

Sei que, pelo que eu disse acima, muitas pessoas desistiram de fazer análise. Bom, se ajudar em algo: Não desistam!!! Por mais estranho que possa parecer, vale a pena! Quer saber como? Não me pergunte. É algo que só se entende vivenciado, até porque cada um vivencia de uma forma diferente.

Ouquei

Encontrei mais uma resposta e diversas novas perguntas para continuar o caminho. Estava vendo uma entrevista que o Jô fez com Morena Baccarin, e quase no final desta o Jô a questionou como é ser reconhecida pelo público, o que ela está achando desta mudança, e etc. No que ela foi respondendo, Jô comentou algo do tipo: "É bom ser reconhecido por algo que se faz (...) ver as pessoas te procurando com um sorriso no rosto, com alegria".

Eu não acho que eu sou um anormal por isso. Talvez uma auto-estima mais elevada poderia minimizar os estragos, me tornar menos dependente. Mas acredito sim que ser reconhecido é algo que faça bem a todos, lhe dando mais ânimo para continuar fazendo, e buscando o melhor. Estava conversando com um amigo este final de semana sobre uma nota que tirei num trabalho da pós, e o mesmo me questionou: "Mas e você? Achou que merecia esta nota? (...) Porque não importa muito a nota que ele te deu, e sim a que você acredita ter merecido".
(Ok, Sir. Now I understand when you said "My self-esteem is Ok!" to me.)

Eu, definitivamente, não sou tão ok assim. Não sou nem "ok", muito menos "tão ok". E isso me causa um desânimo enorme. Sabe aquela coisinha que os outros chamam de "sentido para a vida"? Tem passado longe. Eu gosto do que faço, e faço muito bem aquilo que faço, mas ainda falta encontrar um sentido pra isso tudo. Minha resposta padrão, quando me perguntam porque estou nesta área, é: "Ah, porque dá um bom dinheiro mais rápido". Vazio, né? Pois é. Vazio.

Ou eu me seguro no dinheiro pro resto de minha vida, ou eu encontro meu "sentido de viver" (by Manoel Carlos), ou vou ser gauche na vida. Outras opções??? Dêem-me uma, dêem-me duas...

Andreia

"Vamos viver o presente, o hoje, o agora."

Ok, tudo muito gestaltisticamente lindo. Mas o problema é que amanhã o hoje virará ontem e, se tiver sido bom, vou continuar querendo o mesmo de ontem, só que hoje, amanhã, depois de amanhã...

Eu fico parado naquelas sensações, esperando revivê-las, e não consigo sentir o hoje, aproveitar o hoje, sem ficar, ao menos, ligado na possibilidade de sua existência. Algo como: "Tô aqui sendo feliz no meu mundinho de agora, mas com os sentidos aguçados na espera de mais uma dose".

E eu acho isso péssimo, ao menos pra mim, porque me ligo a algo que eu sei que não está existindo!! E não consigo me concentrar em outras coisas diversas que eu deveria me concentrar, porque não consigo me permitir a me distrair! A sensação é estar preso numa armadilha que você mesmo criou.

Nossa, Andreia, que falta você me faz.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Trianon

Um perdido numa cidade suja, cheia e suja. Há tanto movimento em minha volta, tanta vida, tanta energia, enquanto eu permaneço parado, atônito, imóvel, suspenso. O grito vem na garganta e volta, com medo de acordar o vizinho. O medo tem dominado tudo: os gritos, os desejos, as frustrações e as esperanças. É difícil se guiar sozinho, acordar de manhã e decidir o que você irá fazer naquele dia, tentando lutar contra você mesmo, suas próprias barreiras e resistências.

Ou limitações?

Será que estou fadado a me limitar a isso? Será que o sonho idealizado não passará de mais um sonho? Será que aquelas palavras ditas há anos atrás serão, de fato, tão fortes que se tornarão barreiras intransponíveis, inquebráveis, imutáveis?

Respostas que terei que descobrir sozinho, pois elas só me farão sentido assim. Enquanto isso, virei mais por aqui.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

O insustentável preconceito do ser!

Rosana Jatobá

Era o admirável mundo novo! Recém-chegada de Salvador, vinha a convite de uma emissora de TV, para a qual já trabalhava como repórter. Solícitos, os colegas da redação paulistana se empenhavam em promover e indicar os melhores programas de lazer e cultura, onde eu abastecia a alma de prazer e o intelecto de novos conhecimentos. Era o admirável mundo civilizado! Mentes abertas com alto nível de educação formal. No entanto, logo percebi o ruído no discurso:

- Recomendo um passeio pelo nosso "Central Park", disse um repórter. Mas evite ir ao Ibirapuera nos domingos, porque é uma baianada só!

-Então estarei em casa, repliquei ironicamente.

-Ai, desculpa, não quis te ofender. É força de expressão. Tô falando de um tipo de gente.

-A gente que ajudou a construir as ruas e pontes, e a levantar os prédios da capital paulista?

-Sim, quer dizer, não! Me refiro às pessoas mal-educadas, que falam alto e fazem "farofa" no parque.

-Desculpe, mas outro dia vi um paulistano que, silenciosamente, abriu a janela do carro e atirou uma caixa de sapatos.

-Não me leve a mal, não tenho preconceitos contra os baianos. Aliás, adoro a sua terra, seu jeito de falar...

De fato, percebo que não existe a intenção de magoar. São palavras ou expressões que , de tão arraigadas, passam despercebidas, mas carregam o flagelo do preconceito. Preconceito velado, o que é pior, porque não mostra a cara, não se assume como tal. Difícil combater um inimigo disfarçado.

Descobri que no Rio de Janeiro, a pecha recai sobre os "Paraíba", que, aliás, podem ser qualquer nordestino. Com ou sem a "Cabeça chata", outra denominação usada no Sudeste para quem nasce no Nordeste. Na Bahia, a herança escravocrata até hoje reproduz gestos e palavras que segregam. Já testemunhei pessoas esfregando o dedo indicador no braço, para se referir a um negro, como se a cor do sujeito explicasse uma atitude censurável.

Numa das conversas que tive com a jornalista Miriam Leitão, ela comentava:

-O Brasil gosta de se imaginar como uma democracia racial, mas isso é uma ilusão Nós temos uma marcha de carnaval, feita há 40 anos, cantada até hoje. E ela é terrível. Os brancos nunca pensam no que estão cantando. A letra diz o seguinte: "O teu cabelo não nega, mulata Porque és mulata na cor Mas como a cor não pega, mulata Mulata, quero o teu amor". "É ofensivo", diz Miriam.

Como a cor de alguém poderia contaminar, como se fosse doença? E as pessoas nunca percebem. A expressão "pé na cozinha", para designar a ascendência africana, é a mais comum de todas, e também dita sem o menor constrangimento. É o retorno à mentalidade escravocrata, reproduzindo as mazelas da senzala. O cronista Rubem Alves publicou esta semana na Folha de São Paulo um artigo no qual ressalta: "Palavras não são inocentes, elas são armas que os poderosos usam para ferir e dominar os fracos. Os brancos norte-americanos inventaram a palavra 'niger' para humilhar os negros. Criaram uma brincadeira que tinha um versinho assim: 'Eeny, meeny, miny, moe, catch a niger by the toe'...que quer dizer, agarre um crioulo pelo dedão do pé (aqui no Brasil, quando se quer diminuir um negro, usa-se a palavra crioulo). Em denúncia a esse uso ofensivo da palavra , os negros cunharam o slogan 'black is beautiful'. Daí surgiu a linguagem politicamente correta. A regra fundamental dessa linguagem é nunca usar uma palavra que humilhe, discrimine ou zombe de alguém". Será que na era Obama vão inventar "Pé na Presidência", para se referir aos negros e mulatos americanos de hoje?

A origem social é outro fator que gera comentários tidos como "inofensivos", mas cruéis. A Nação que deveria se orgulhar de sua mobilidade social, é a mesma que o picha o próprio Presidente de torneiro mecânico, semi-analfabeto. Com relação aos empregados domésticos, já cheguei a ouvir:

- A minha "criadagem" não entra pelo elevador social !

E a complacência com relação aos chamamentos, insultos, por vezes humilhantes, dirigidos aos homossexuais ? Os termos bicha, bichona, frutinha, biba, "viado", maricona, boiola e uma infinidade de apelidos, despertam risadas. Quem se importa com o potencial ofensivo? Mulher é rainha no dia oito de março. Quando se atreve a encarar o trânsito, e desagrada o código masculino, ouve frequentemente:

- Só podia ser mulher! Ei, dona Maria, seu lugar é no tanque!

Dependendo do tom do cabelo, demonstrações de desinformação ou falta de inteligência, são imediatamente imputadas a um certo tipo feminino:

-Só podia ser loira!

Se a forma de administrar o próprio dinheiro é poupar muito e gastar pouco:

- Só podia ser judeu!

A mesma superficialidade em abordar as características de um povo se aplica aos árabes. Aqui, todos eles viram turcos. Quem acumula quilos extras é motivo de chacota do tipo: rolha de poço, polpeta, almôndega, baleia ...

Gosto muito do provérbio bíblico, legado do Cristianismo: "O mal não é o que entra, mas o que sai da boca do homem". Invoco também a doutrina da Física Quântica, que confere às palavras o poder de ratificar ou transformar a realidade. São partículas de energia tecendo as teias do comportamento humano.

A liberdade de escolha e a tolerância das diferenças resumem o Princípio da Igualdade, sem o qual nenhuma sociedade pode ser Sustentável. O preconceito nas entrelinhas é perigoso, porque , em doses homeopáticas, reforça os estigmas e aprofunda os abismos entre os cidadãos. Revela a ignorância e alimenta o monstro da maldade. Até que um dia um trabalhador perde o emprego, se torna um alcoólatra, passa a viver nas ruas e amanhece carbonizado:

-Só podia ser mendigo!

No outro dia, o motim toma conta da prisão, a polícia invade, mata 111 detentos, e nem a canção do Caetano Veloso é capaz de comover:

-Só podia ser bandido!

Somos nós os responsáveis pela construção do ideal de civilidade aqui em São Paulo, no Rio, na Bahia, em qualquer lugar do mundo. É a consciência do valor de cada pessoa que eleva a raça humana e aflora o que temos de melhor para dizer uns aos outros.

PS: Fui ao Ibirapuera num domingo e encontrei vários conterrâneos. ..Rosana Jatobá

*Esse texto é parte da série de crônicas sobre Sustentabilidade publicada na CBN*

sábado, 10 de julho de 2010

Rápido

As vezes é preciso um pouco de álcool no sangue para que você sinta que ainda está vivo. Por mais que, depois de duas horas, tudo volte, novamente.

sábado, 30 de janeiro de 2010

Salvador Dalí

Acabei de voltar de um restaurante classudo daqui de Salvador, comemorando o aniversário de uma amiga do trabalho.

O nome do restaurante é Salvador Dalí. O que se espera da decoração do mesmo? Quadros cubistas na parede, coisas caindo pelos lados, um ornamento meio inusitado no canto... sei lá, algo um pouco mais "surreal", certo?

Errado. Encontrei um espelho das antigas enorme na parede, uma cristaleira da mesma época cheia de taças no canto, mesas e cadeiras tradicionais, quadros mostrando paisagens litoraneas e, finalmente algo que lembre o cara, duas fotos de Salvador Dalí.

Eu acho bizarro quando se apropriam do nome de artistas, personalidades e até lugares em restaurantes, bares e até edifícios sem se usar em sua construção e decoração as características que marcam o "homenageado". Se é pra ser Salvador Dalí, que seja Salvador Dalí! Agora, botar o nome de uma pessoa e seguir um padrão seu não dá, mesmo. Se for pra ser assim bote "Chez alguma coisa" mesmo, e não se aproprie da personalidade dos outros em vão.