domingo, 30 de dezembro de 2007

Momentum

Angustiante. Me lembrei do filme Magnólia agora. Me lembrei especialmente de uma cena. Uma cena onde todas as histórias se encontram inicialmente, e existe dois elos entre eles, sentimentos e uma música. A música é Wise Up, de Aimee Mann. Nesta cena todos aparecem cantando a música, cada pessoa uma pequena parte, e no rosto expressando os sentimentos resultantes das voltas e dificuldades que a vida impõe. Desesperança. Acho que isso tudo me veio pelo elo que nos liga. Me sinto entrelaçado. Como já postei, vi aquela frase dita pelo senhor em minha frente e minha vontade era de dar uma bela resposta. Mas não pude. Vi hoje as coisas ditas para Paulo e fiquei triste. Ouvi um amigo me dizendo de sua tristeza por estar apaixonado platonicamente por outra pessoa. Li sobre o "Rei de Salém" no livro "O Alquimista" e sua função natural de ajudar as pessoas a viverem sua "Lenda Pessoal". Vi Glória Pires no Domingão do Faustão sendo vangloriada por ser uma boa atriz. Confuso. As pessoas passam em nossas vidas e, sem querer, nos deixam um pedaço de sua alma. Estou aqui, sendo todas estas pessoas com quem mantive contato. Força.

Situations

Situation 1

Local: Locadora Minas Vídeo
Participantes: Eu, meu irmão Dário e um cliente qualquer de meia idade.
Contexto: O cliente estava locando um filme enquanto na televisão passava a novela das oito "Duas Caras". Neste momento, a novela mostrava o jantar oferecido por Barreto à "Condessa" (as aspas são porque não sei de fato o nome da personagem, mas ela é uma Condessa na Itália), onde estavam também o Juvenal Antena, a filha do Anfitrião e seu namorado , e etc etc. Para contextualizar para quem nunca viu a novela, a Condessa é negra.

O Senhor de meia idade vira e fala:

- Não tem jeito né, preto chique não combina. Não combina mesmo.


Situation 2

Local: Cozinha de minha casa.
Participantes: Eu, uma garotinha e um homem.
Contexto: Estava na cozinha esperando minha irmã e o namorado chegarem do Bompreço para fazer um macarrão e meu celular toca. Não conhecia o número, sendo ele da região de Feira de Santana. Atendi:

- Alô?
- Oi. Disse a garotinha.
- Olá, tudo bem? Respondi.
- Tudo sim.
- Ta fazendo o que?
- To aqui na cozinha.
- Pergunta do reveillon. Disse a voz de homem ao fundo.
- E o reveillon? Perguntou a garotinha.
- Ah, com a família mesmo. E o seu?
- Também.... Posso desligar? Perguntou a garotinha para o homem ao fundo.
- Pode. Respondeu ele.
- Então tchau viu?
- Tchau.
- Já posso desligar né? Ela me perguntou.
- Pode sim. Eu disse.
- Tchau, boa noite.
- Boa noite.



sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Fora Povo!

Luiz Fernando Veríssimo


Pesquisa recente concluiu que a elite brasileira é mais moderna, ética, tolerante e inteligente do que o resto da população. Nossa elite, tão atacada através dos tempos, pode se sentir desagravada com o resultado do estudo, embora este tenha sido até modesto nas suas conclusões. Faltou dizer que, além das suas outras virtudes, a elite brasileira é mais bem-vestida do que as classes inferiores, tem melhor gosto e melhor educação, é melhor companhia em acontecimentos sociais e é incomparavelmente mais saudável. E que dentes!

A pesquisa reforça uma tese que tenho há anos, segundo a qual o Brasil, para dar certo, precisa trocar de povo. Esse que está aí é de péssima qualidade. Não sei qual seria a solução. Talvez alguma forma de terceirização, substituindo-se o que existe por algo mais escandinavo. As campanhas assistencialistas que tentam melhorar a qualidade do povo atual só a pioram, pois, se por um lado não ajudam muito, pelo outro o encorajam a continuar existindo. E pior, se multiplicando. Do que adianta botar comida no prato do povo e não ensinar a correta colocação dos talheres, ou a escolha de tópicos interessantes para comentar durante a refeição? Tente levar o povo a um restaurante da moda e prepare-se para um vexame. O povo brasileiro só envergonha a sua elite.

Se não tivéssemos um povo tão inferior, nossos índices sociais e de desenvolvimento seriam outros. Estaríamos no Primeiro Mundo em vez de empatados com Botsuana. São, sabidamente, as estatísticas de subemprego, subabitação e outros maus hábitos do povo que nos fazem passar vergonha.

Que contraste com a elite. Jamais se verá alguém da elite brigando e fazendo um papelão numa fila do SUS como o povo, por exemplo. Mas o que fazer? Elegância e discrição não se ensina. Classe você tem ou não tem. Mas o contraste é chocante, mesmo assim. Esse povo, decididamente, não serve.

Se ao menos as bolsas-família fossem Vuitton...

quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Fernando Pessoa

"Saudades, só potugueses
Conseguem senti-las bem,
Porque têm essa palavra
Para dizer que as têm."

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Regina Spektor - Fidelity


Cold Water




Damien Rice

Cold, cold water surrounds me now
And all I've got is your hand
Lord, can you hear me now?
Lord, can you hear me now?
Lord, can you hear me now?
Or am I lost?

Love one's daughter
Allow me that
And I can't let go of your hand
Lord, can you hear me now?
Lord, can you hear me now?
Lord, can you hear me now?
Or am I lost?
[chanting] Cold, cold water surrounds me now
And all I've got is your hand
Lord, can you hear me now?
Lord, can you hear me now?
Lord, can you hear me now?
Or am I lost?

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Le festin est sur mon chemin

"Paris, Paris. Teu brilho é o rio Sena"

Essa frase é de uma música da propaganda da Rider. Lembro muito bem dela. Tocava na época da Copa do Mundo na França. Era na voz da Elba Ramalho. Sempre a procurei pra baixar mais nunca achei. Pois nunca a esqueci. A cantava pensando na cidade distante que provavelmente eu nunca conheceria.

Não sei porque sempre tive esta ligação com Paris. Talvez vida passada, quem sabe. Ou apenas um condicionamento qualquer, um pareamento besta que acabou ocorrendo na infância. Não sei porque, e de fato não me importa também. O que me importa é o que há. E há.

Mas a vida da voltas. E como Filipe mesmo falava, e passei a acreditar nisso com ele "Olavo, as coisas podem acontecer quando você menos espera. Não pense que são impossíveis, porque não são". Sábio. Aprendi muito com esse guri. Só tenho a agradecer.

Mas enfim. Pois esta mesma pessoa que me fez acreditar que o impossível é possivelmente imprevisível que me deu a distante oportunidade de conhecer aquela cidade que habita meus pensamentos desde pequeno.

Lembro da chegada. Aeroport D'orly. Umas 23 horas de lá. Saí do avião na escadinha, foi meu primeiro contato com o chão da França. Não de Paris, Orly não é Paris. Tá, é tudo chão. Mas não era Paris :P. E depois a mala que não aparecia. Sim, foram quatro dias em Paris sem minha mala. Nem pude usar todos os meus produtos Natura na cidade da beleza. E era entrar numa Minoprix que eu ficava louco. E nas L'occitanes da Champs-Élysées então? Louco, ficava eu. Um louco controlado, afinal, ou era meu pão do almoço ou o sabonete. E como Maslow bem disse, primeiro a comida!

Pão. Nunca comi tanto pão. Saí de Paris não aguentando mais ver pão. Mas, convenhamos... que Pão!!!! O foda é que era pão no almoço e na janta, aí enjoava né, convenhamos. Mas as famosas comidas, infelismente não as experimentei. De certa forma me arrependi de não ter experimentado num daqueles restaurantes não tão caros lá na Praça dos Artistas, em Montmartre. Mas não dava, dinheiro contado é foda, e não podia gastar né, era a primeira cidade, tinham muitas outras pela frente.

Mas tiveram vários momentos lindos e especiais em Paris. Primeiro as bandinhas de Jazz. A primeira em Luxembourg, e a segunda em frente a L'opéra. Outro momento inesquecível: vinho no Camp de Mart, numa noite friorenta, em frente a Torre Eiffel, convesando com Lipe e a vendo piscar. Meu Deus, o que é aquilo! Putz, nunca me esquecerei disso. Nunca. E por último, um singelo momento, mas pra mim foi significativo. Depois de voltar correndo do Louvre, achando que tava atrasado, e ter visto que tava é muito adiantado, fui pra banca dos Árabes comprar algo pra comer pois ainda não tinha almoçado. Daí compro um sanduíche normal e um suco mais barato, e vou pra fora. Procuro um banco pra sentar e ver o povo passar, mas começa a chover. Bom, tive que ficar em baixo de um pequeno espaço coberto de um prédio. Sentei la e fiquei comendo, sentindo a brisa gelada que a chuva trazia, juntamente com alguns frios respingos. Fiquei lá sentado, vendo o tempo passar, e a chuva cair. Simples, inofensivo, mas pra mim inesquecível.

Paris, não sei o que eu tenho contigo. Não sei que diabos você me emociona tanto. Mas a verdade é esta. Engraçado estr escrevendo este texto logo hoje, que Paulin comentou do meu "French Dream" e eu o recriminei falando que nunca tive disso. Bom, de fato nunca fiquei elogiando mesmo, nem fazendo coisas por ser "coisas parisienses", mas é fato que há algo aqui.

Fico triste por não ter te aproveitado como queria, como poderia. Queria ter vivido mais você. Ter te conhecido mais. Ter deitado mais nas gramas de teus parques. De ter te desvendado com meus pés e olhos. De ter te tocado e sentido esta energia milenar que tu carrega. Fico triste por isso. Foi o filme (Rotatouille) que me deixou assim. Mas lhe prometo, agora que eu acredito no impossível, que ainda nos veremos. Attendez-moi!